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Este é um blog destinado a falar de tarot. Para escrever sobre tarot e suas infinitas possibilidades. Para ler tarot, presencialmente ou online.

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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Curso EAD: Virtudes Neoplatônicas nas cartas do Tarot

O tarot sempre alcança quem o busca. Agora, além de tudo, conseguimos fazer aulas à distância =)

O Tarot Zone está oferecendo, no dia 28/02, o workshop sobre As Virtudes Neoplatônicas nas Cartas do Tarot.

Ano passado, o curso foi presencial e foi um sucesso! Agora, os interessados do Brasil todo podem juntar-se e estudar o tema, baseado no baralho "The Seven Fold Mystery" e no livro "Tarot: history, symbolism and divination", ambos de Robert Place.

Faça sua matrícula em: http://tarotzone.eadbox.com/cursos/as-virtudes-neoplatonicas-nas-cartas-do-tarot

Até lá!
Pietra

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

O Diabo de Rosemary

Como arcano da lunação, impossível não pensar nele e ver onde ele aparece... E tenho buscado muitas formas de percebi-lo, porque, de tudo, o diabo em si, não deixa de ser uma figura mitológica para mim. Talvez algo que não fez parte da minha criação. Eu não tinha, não tenho medo dele. Compreendo a sua natureza, como arquétipo e não como entidade.

Vendo ao filme "Bebê de Rosemary" - sim, eu sei, 59 anos atrasada - fiquei impressionada como tudo rola em torno desse arquétipo. Aliás, imagino que para quem seja cristão e talvez mesmo ache que vá haver um anti-cristo físico, deve ter sido bem perturbador. Mas, pensando na coisa toda como uma alegoria, algumas coisas me chamaram muito a atenção:

A tentação: a vontade de fazer as coisas acontecerem no plano físico, de se aproveitar dele é o que a tentação é. E se a possibilidade de fazer isso acontecer em detrimento de todo um resto? A tentação é a filha do desejo. Quantas vezes o desejo e a vontade se cruzam, se amam e se afastam... A vontade conhece o reto? O desejo conhece o torto e o mal escrito?

O sentimento de encarceramento: Rosemary, na história, se engendrou em uma situação na qual não parecia ter saída. E desistiu. Penso que é como estar afogando-se e tomar pequenas lufadas de ar, afundar novamente. Nisso tudo, eu penso na frustração de ver movimentos tolidos. E quando é o ponto de simplesmente, ir com a maré?

O sofrimento: Dor. E o quanto do conflito interno acaba se jogando dentro do corpo e fazendo com que ele sofra? Tantas confusões, tantas possibilidades que deixam a cabeça perdida... E como dizia minha avó, quando a cabeça não pensa, o corpo padece...

As decisões difíceis: seguir crenças? Abrir mão delas para o novo? Deixar-se ser a mãe daquilo que uma maioria teme ou despreza? O dilema... essa é a escolha do Diabo.

Eu penso que talvez todas essas coisas estejam amarradas em si mesmas e que refletem mesmo o que é andar no escuro de dentro de cada um de nós. E que muitas vezes partimos de um sentimento de achar que estamos em algum controle - sentimento até que pode ser alimentado pelo tal do livre-arbítrio. Que não é uma coisa de todo mal, se for levado de uma forma sutil, ou seja, eu sou responsável pelas minhas escolhas, não as alheias. Quem sabe isso tudo não seja misturado com o fato de que seres humanos vivem em comunidade. E pensamos individualmente. Não acho que existe uma forma de controlar os outros... Claro que alguns podem se deixar levar, ou até, estar inserido em um contexto tão grande que formas de controle se exerçam. O lance, penso eu, é que a cabeça é livre. O pensamento pode ir para onde quiser e, por vezes, nem sobre as nossas indagações temos muito controle.

Ando bastante inquisitiva ultimamente. E talvez não exista uma forma humana ou organizada de, de fato, compreender o mundo no qual estamos inseridos como um todo. São muitos pensamentos soltos, não no sentido de estarem perdidos, mas de estarem acontecendo e muitas formas de percepção do que acontece.

Fico pensando o quanto é importante estabelecermos um mundo no qual estamos, uma consciência física para dar o mínimo de significado para a realidade que se apresenta. Não temos como controlar o mundo. O corpo pode estar preso na matéria, mas o pensamento, tão leve e tão presente, esse anda para onde quiser. A mente se prende? Se encarcera? Sem dúvida... o que podemos fazer para que se liberte?

Ouvi num treinamento de professores que as melhores perguntas são aquelas que não tem respostas. Tenho feito algumas. Será que o Diabo não mora nessa confusão de pontos de interrogação? Ou eles estão aí para fazer com que olhemos para além dos grilhões que nos seguram?

Estão vendo? Quantos pontos de interrogação têm este texto? Que tal mais um?
Pietra

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Apenas um livro...

Eu estava pensando um pouco na coisa do tarot e do ofício de lidar com ele... como uma profissão, como ofício e no que ele mexe conosco e quais são suas competências e habilidades, como se deve ter em qualquer trabalho que se faz.

Uma das principais competências é saber interpretar o que aqueles símbolos, palavras, arquétipos querem dizer. Eu até comentei com uma consulente esses dias: "eu faço muitas perguntas". O que pode parecer estranho, afinal quem geralmente vem cheio de perguntas é o próprio consulente. Pois bem. Penso eu que é muito importante que possamos colocar bem as nossas palavras e que quão mais genérica é a situação que nos é posta, mais genérica tende a ser a nossa interpretação das coisas. Uma coisa é vc saber que "uma pessoa está planejando fazer uma coisa e quero saber se vai dar certo"; outra, diferente - e mais rica - é saber que "seu irmão está planejando viajar para as ilhas Fiji e se a viagem vai dar certo".

Acredito que tem a ver com os contornos que se desenham sob uma situação. É muito mais fácil interpretar uma série de cartas frente ao que é posto. CLARO que o consulente pode se reservar ao direito de sentar à nossa frente e esperar que falemos o que está nas cartas. Tem até um gosto de desafio. Agora, não é muito melhor quando trabalhamos em time com uma pessoa? O trabalho do tarólogo, do tarotista é assim. Não é fácil para o médico ajudar quem não sabe descrever seus sintomas. Não é fácil ajudar uma pessoa que não conta qual é o problema.

Para que a competência de interpretar aconteça, além de conhecer os símbolos e seus significados, há essa empatia que se forma com o consulente. E talvez aí uma coisa seja mister: a confiança. Fico imaginando o que é sentar na frente de um desconhecido que tem na sua mão "o bem e o mal" de acordo com que muitos acham sobre quem trabalha com oráculo, e abrir o coração. Nessas horas eu penso que somos muito mais que do oráculos. Somos quase como terapeutas e a empatia, o envolvimento que é preciso para desenrolar uma porção de nós se faz necessária.

Tem a prática. Tem o jeitinho de falar. Claro que por vezes, dar umas "bordoadas" vale a pena, mas nem sempre o consulente está pronto para isso. Nem sempre sabemos se ele está ouvindo o que estamos dizendo. Mas, como diz um excelente tarólogo de BH, eu trabalho para interpretar e não para acertar. Imagina o bônus quando a gente acerta.

Por fim, do relacionamento que temos com as cartas e com as pessoas envolvidas, muito do que eu acredito que aconteça também é o interesse em efetivamente resolver um problema ou ter esclarecimentos... Quantas de nossas leituras não acabam terminando em grandes confirmações do que o consulente já vem pensando. Nessas horas somos o instrumento. A ponte. O leitor do livro de páginas soltas que apenas organiza os pensamentos, as sentenças, os capítulos.

Geralmente, quem busca o tarot já sabe todas as respostas. Mas as precisa canalizadas pela boca do outro... catarse de cartas.

Pietra

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Ver por outros lados

Assisti hoje o filme "Jesus me ama", de David Safier. Filme alemão. Muito bonito em sua direção de arte e fotografia. Excelente nos diálogos e bem claro em relação à mitologia cristã. O que, na verdade,
ajuda a entender um pouco melhor o que o diabo é para eles.

Ele tenta. Ele engana. Ele mente. Ele confunde. Ele te joga na cara as coisas que vc tem medo. Fato.
E o que podemos fazer de melhor em relação a isso? No limite, olhar de frente. Pegar o bode na unha.

Um dos diálogos interessantes do filme é quando a personagem Marie, depois de conversar com Deus - num estilo bem Harry reencontra Dumbledore na estação de trem - desabafa com Jesus. Coloca suas frustrações e lamenta imensamente suas falhas. O fato de ter caído em tentação. De ter sido egoísta. Que é uma pessoa ruim e que não consegue lidar com isso.

E é quando Jesus a consola, dizendo que isso é humano e que não se vale apenas pelas boas ações, muito menos por aparências. O que vale é a alma, o ser autêntico e reconhecendo isso, fazer o melhor que se pode.

Eu adorei! E penso mesmo que as coisas se dão dentro daquilo que somos... bem ou mal... A questão é que eu tenho uma visão diferente disso tudo, dada a minha formação espiritual. Eu, pessoalmente, acredito que não existe uma fonte de mal ou de engano. O Logos que tudo instaurou... Themis que mantém a ordem do Universo, Zeus que regula o céu e a terra, fazem com que a natureza humana siga seu curso, dentro de suas escolhas... com que tudo seja colocado em seus devidos lugares uma vez que estejam em desequilíbrio. E talvez o Diabo seja um pouco isso: o desequilíbrio.

Desde sempre o que me parece é que O Diabo é como Os Enamorados, com uma pequena diferença: as decisões do 15 são pesadas. Quase que posam um dilema. Um, onde talvez, ninguém ganhe.

O que vale pensar é que, dessas amarras todas, existe sempre um caminho...

Como disse Dumbledore uma vez: "Em breve teremos de escolher entre o que é certo e o que é fácil".
Pietra

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Diacho...

Existe um dito em inglês que coloca: "Talk about the devil, and he's sure to appear" (Fale do diabo, e ele aparece).

Dito e feito. Fiz tantos postings sobre ele, pensando na coisa do medo, das tentações e das amarras, que ele aparece na Lua Cheia.
http://www.thewitchescollective.com/Altars_Divination_Chants/tarot.html

E com sua imagem tenebrosa, eu penso: o que eu tenho de aprender com isso? Lições de esquerda? Reconhecer o medo? Me deixar cair em tentação?

Ainda não sei... mas por agora, penso no underground. No que não é de linha. Do que foge do comum. Não na pegada inocente do Louco, mas nos detalhes onde o Diabo mora. Em sua materialidade.

Opções sem amarras... que comecem os jogos. Há sempre caminhos, se o medo nos deixar olhar além.

Viver autenticamente, sem ter regras sendo enfiadas goela abaixo... Ainda não sei.

De tudo, "livrai-nos de todo mal"...
Pietra