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domingo, 26 de agosto de 2012

morte e sua carta

E se a morte enviasse uma carta antecipando em 7 dias o inefável?

Se a ideia fosse que, para evitar todos os desgostos, as pessoas tivessem uma semana para fazer seus testamentos, despedir-se, passar tudo do seu nome e evitar inventários?

Quando a carta da Morte aparece, será que é possível para uma preparação do que se vai?

DAs Intermitências da morte:
"E agora, absorvida como deverá estar na reorganização dos seus serviços de apoio depois de uma paragem de sete meses, não tem olhos nem ouvidos para os clamores de desespero e angústia dos homens e das mulheres que, um a um, vão sendo avisados da sua morte próxima, desespero e angústia que, em alguns casos, estão a causar efeitos precisamente contrários àqueles que tinham sido previstos, isto é, as pessoas condenadas a desaparecer não resolvem seus assuntos, não fazem testamento, não pagam impostos em dívida e, quanto às despedidas da família e dos amigos mais chegados, deixam-nas para o último minuto, o que, como é evidente, não vai dar nem para o mais melancólico dos adeuses. Mal informados sobre a natureza profunda da morte, cujo nome é fatalidade, os jornais têm se excedido em furiosos ataques contra ela (...)"

José Saramago, 2005

É o livre arbitrio... quando ela aparece, o que há de se fazer?

Pietra

sábado, 18 de agosto de 2012

Uma dica prática

Muitas vezes nos valemos do exercício de tirar uma carta de tarot para o dia... Ela pode ter muitas implicações, principalmente dependendo do que perguntamos:
- Como vai ser o dia?
- Qual lição eu aprendo hoje?
- O que devo observar?
- Qual deve ser minha postura mediante às situações?

O resultado é que isso, geralmente, nos traz lições a apresenta os arcanos, maiores e menores em sua glória da vida além da carta.

Porém, esses dias, tenho feito uma experiência... pergunto ao tarot:
- Tarot, que tal o dia?
E ele me responde com uma carta.
- Tarot, e eu frente a isso?
E me responde com outra carta.

Acho que ajuda a dar uma perspectiva... tanto se vc está espinhoso, quanto se o dia.

Experimente!
Thoth Tarot
Pietra

sábado, 11 de agosto de 2012

Sacerdotisa, o silêncio

Cat's Eye Tarot

Por vezes, depois da grande mudança, vem o silêncio.

Assim como depois que a tempestade finda, e os primeiros raios de sol despontam, saímos devagar, com os olhos bem abertos. Em silêncio, avaliamos a volta, fazemos as contas.

No silêncio, nem sempre, está a paz. Mas está a compreensão, isso é certeza. O tempo de acentar em si o que se processou no entorno.

Na quietude, o fundo o mar se movimenta. Está largamente vivo.

Pietra, tácita

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

9 de espadas, num livro

De Claraboia:
"Isaura mordia os pulsos. Tinha o rosto coberto de suor, os cabelos pegados à testa, a boca torcida num espasmo violento. Sentou-se na cama, meteu as mãos pelos cabelos, desvairada, e olhou ao redor. Noite e silêncio. O som do disco falho voltava do abismo do silêncio. Extenuada, deixou-se cair nos colchões. Adriana fez um movimento e continuou a dormir. Aquela indiferença era como uma recriminação. Isaura cobriu a cabeça com o lençol, apesar do calor sufocante. Tapou os olhos com as mãos, como se a noite não fosse escura o suficiente para esconder a sua vergonha."

José Saramago, 1953

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

6 de copas, num livro

De Claraboia:
"As gavetas particulares era, assim, uma espécie de santuário onde cada uma, quando estava sozinha e a saudade apertava, ia rezar sua recordações."

José Saramago, 1953

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Diabo, num livro

De Claraboia:
"Não lhe corria outra reposta que não fosse esta: 'estou cansado'. Tão cansado que, sabendo de todas as portas da sua prisão podiam abrir-se e que tinha a chave que as abria, não dava um passo para a liberdade. Habituara-se de tal modo acesse cansaço que chegava a encontrar nele um prazer, o prazer de quem abdicou, o prazer de quem, vendo chegar a hora da decisão , atrasa o relógio e declara: 'ainda é cedo."

José Saramago, 1953

terça-feira, 7 de agosto de 2012

8 de espadas, num livro

De Claraboia:
"Emílio pensava demais. Em tudo o seu cérebro se prendia. Andava ao redor dos problemas, metia-se neles, afogava-se neles, e, por fim, o seu próprio pensamento era um problema. Esquecia o que mais importava e punha-se à procura de motivos, das razões. A vida corria-lhe ao lado e não atentava nela."

José Saramago, 1953

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Sol e Lua, num livro

De Claraboia:
" Isaura sempre gostava daqueles momentos em que, antes de curvar a cabeça sobre a máquina, deixava correr os olhos e o pensamento. A paisagem era sempre igual, mas só a achava monótona nos dias de verão teimosamente azuis e luminosos em que tudo é evidente e definitivo. Uma manhã de nevoeiro como esta, de nevoeiro delgado que não impedia de todo a visão, cobria a cidade com impressões de sonho."

José Saramago, 1953

sábado, 4 de agosto de 2012

Diálogo


Eram feitos da mesma coisa. Ou pelo menos diziam que eram. Os 5, os professores, entendiam-se mestres. Tanto porque sabiam que haviam pessoas olhando a eles como exemplo, quanto porque sentiam o ímpeto de ensinar.

O professor, o ensinante tem de saber que junto a ele existe uma responsabilidade tremenda. Não se desestabiliza o conhecimento de alguém para uma, quiçá, nova construção à toa, de graça. Não. Existe planejamento e intenção.

E foi aí que um olhou para o outro. 
Um que se orgulhava de prender a atenção pela brilho e pelo tamanho - de suas palavras.
O outro, que buscava a força na estrutura...

"Me amem!", gritava um.
"Eu posso fazer torto... isso se faz há séculos. É praticamente uma tradição", continuava.

"Me ouça", dizia o outro. 
"Passei por anos estudando, praticando. Conheço UM caminho", continuava. "Construa... coloque mais pedras na passagem. Consolide-se!"

O professor, o bom professor, quer que seus alunos pensem. E se importam sim se as pessoas o passam. Porque demonstram que conseguem estruturar o que buscam, o que investigam e estão prontos para contribuir à sociedade com suas próprias palavras.

Ser professor não tem muito glamour, per se. Planeja. Escreve. Avalia. Re-escreve. Ajudar as pessoas a efetivamente pensarem é difícil. Pois é sempre a receita que se deseja. 

Um dos mestres, oferece essa receita. "Aqui a tenho!", brada. "Esteja comigo o tempo todo e te garanto a resolução mágica e inexpugnável."

O outro, devolve o raciocínio. "Mas, o que foi que você pensou? Por quê?" e tem um bom jeito de ajudar os colegas... ah, entendi. A diferença é que um dos mestres apenas enxerga os fieis feios sob seus pés. O outro, professor, os percebe como potencialidades, como aqueles que, por um puxão pela mão, chegarão lá.

Tarot é do Mundo, mestres. 
Alguns de vcs, do inferno... do fundo do Tártaro.
Outros, estamos fazendo um caminho antes de chegar em cada Panaceia...

Pietra, com o coração lamentando... 


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

8 de copas, num livro

-


De Claraboia:
"- Mas que pensa fazer, Abel?
O rapaz ergueu-se devagar e caminhou para Silvestre. A dois passos, respondeu:
- Uma coisa muito simples: viver. Saio de sua casa casa mais seguro do que quando nela entrei. Não porque me sirva o caminho que me apontou, mas sim porque me fez pensar na necessidade de encontrar o meu. Será uma questão de tempo...
- O seu caminho será sempre o pessimismo.
- Não duvido. Apenas desejo que esse pessimismo me desvie das desilusões fáceis e embaladoras, como o amor...
Silvestre agarrou-o pelos ombros e sacudiu-o:
- Abel! Tudo o que não for construído sobre o amor gerará ódio!
- Tens razão, meu amigo. Mas talvez tenha de ser assim por muito tempo... O dia em que será possível construir sobre o amor não chegou ainda..."

José Saramago, 1953

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Uma lição da Roda

Cat's Eye Tarot

Rainha de Espadas

Claraboia, Cia das Letras, 2011

De Claraboia:
"Tia Amélia nunca dizia palavras supérfluas. Apenas as necessárias e não mais que as indispensáveis. Mas dizia-as de uma maneira que aqueles que a ouviam ficavam a apreciar o valor da concisão. As palavras pareciam nascer-lhe na boca no momento em que eram ditas: vinham ainda repletas de significação, pesadas de sentido, virgens. Por isso, dominavam e convenciam."

José Saramago, 1953.