De Claraboia:
"- Mas que pensa fazer, Abel?
O rapaz ergueu-se devagar e caminhou para Silvestre. A dois passos, respondeu:
- Uma coisa muito simples: viver. Saio de sua casa casa mais seguro do que quando nela entrei. Não porque me sirva o caminho que me apontou, mas sim porque me fez pensar na necessidade de encontrar o meu. Será uma questão de tempo...
- O seu caminho será sempre o pessimismo.
- Não duvido. Apenas desejo que esse pessimismo me desvie das desilusões fáceis e embaladoras, como o amor...
Silvestre agarrou-o pelos ombros e sacudiu-o:
- Abel! Tudo o que não for construído sobre o amor gerará ódio!
- Tens razão, meu amigo. Mas talvez tenha de ser assim por muito tempo... O dia em que será possível construir sobre o amor não chegou ainda..."
José Saramago, 1953
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