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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Experiências de Morte


"A passagem difícil foi transposta sem que ele tivesse apercebido da proeza que havia cometido, mãos felizes faziam murmurar, falar, cantar, rugir o violoncelo, eis o que faltou a rostropovitch, esta sala de música, esta hora, esta mulher. Quando ele terminou, as mãos dela já estavam frias, as suas ardiam, por isso foi que as mãos se deram às mãos e não se estranharam.' José Saramago, As intermintências da morte, 2005
Todos as tivemos. 
Desde as pessoas que amamos e que passam a um novo plano... das coisas que terminam. Muitas vezes passamos incólumes por experiências que poderiam ter causado nossas partidas. Na maioria delas, acabamos sendo muito passivos à Morte. Ela chega e tudo que nos resta é o lamento, ou o luto, por vezes, o alívio de uma coisa muito ruim ter acabado. E quando somos nós que precisamos matar o que está velho e que, talvez, também precisa do mesmo alívio? Quando a morte vem das nossas mãos?

E se a morte nos enviasse um envelope roxo, uma semana antes, nos deixando o tempo para resolver o que se precisasse e poder partir em paz? Bom, de acordo com José (Saramago) o que pareceria um presente, acaba se tornando pânico... 

A Morte, 13, tem exatamente essa essência. De colocar as roupas na mala e virar os pés. Para outro tempo, nova realidade. Um dia, um terapeuta de luto me contou que o grande pulo do gato nessa coisa toda é aprender a viver de novo. Viver sem o que se foi. Ou viver novamente sendo recém-nascido para a vida. 

Nascer dói. Morrer também. Renascer idem. Abrir os olhos e perceber a vida nova deixada de lado a doença que nos acometia - qualquer que seja - tem o mesmo medo de não saber o que se encontra "do lado de lá". A questão, muitas vezes, é: o que realmente sabemos de qualquer coisa? De viver ou de morrer? Ou de matar?

A Morte, traz nela, sempre, o novo. Algo permanece. Seja lembrança, saudade... Os ossos do esqueleto da Ceifadora lembram que o fundamental, o que nos mantém em pé, continua lá... Vão-se os anéis, ficam os dedos... carpos e metacarpos. 

Por fim, agradeço poder estar viva e de poder deixar essas palavras =)

De Violetta Parra...
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros

2 comentários:

  1. Bateu fundo aqui Pietra... nessa vida aprendi que matar, ter a foice em mãos e promover o corte por mais que doa, por mais que choremos é aquilo que vai nos manter d epé lá na frente...
    Você está viva hoje sim.. e mais forte porque sentiu o poder de ter a lâmina nas mãos..

    Beijos!!

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