Algumas ideias que eu tive durante uma das minhas aulas de Correntes da Teoria Literária.
Símbolo. O tarot é completamente recheado de símbolos e simbolismos... bom, claro que sim, afinal de contas, cada uma das lâminas é uma representação de uma realidade, de uma situação, de um existir. O tarot simboliza a vida, o tempo que vivemos; o livro das possibilidades humanas.
Aristóteles chama essa representação, essa imitação de mimesis. E, de acordo com ele, toda obra artística tem a mimese por essência, a vontade e o intento de imitar a vida. E toda essa imitação é bastante subjetiva, pois pode ser um símbolo interpretado de várias formas.
Quando lemos uma palavra, imediatamente, suscitamos imagens. E quando lidamos com imagens, cenas pulamos a parte da decodificação de lado, e passamos para a reação. Para a catarse, para a resposta emocional que temos ao defrontarmos com elas.
Assim, como é a minha leitura, o meu entendimento da mimese apresentada por um arcano?
Além de conhecer o significado, o preenchemos com nosso entendimento. O que eu quero dizer é que quando nos deparamos com um arcano, pensamos em seu significado, imediatamente, nos relacionamos emocionalmente com ele, de acordo com nossas experiências prévias. O tarot além de um grande livro da vida, é um objeto de catarse, de purificação emocional.
Penso que para fazer bem esse processo é necessário conhecer símbolo, significado, contexto. O importante do contexto é que ele nos mostra em que tecido temos o fundo o símbolo. Ele dá ao símbolo uma história e uma certa concretude. Penso que assim, é muito melhor fazer uma leitura aberta e honesta conosco ou com o consulente, do que deixar as coisas se fazerem no escuro. É muito mais fácil conhecer o que está junto com a leitura do que tentar adivinhar o que acontece.
Dessa forma, eu me pergunto, quantas vezes eu deixei que a minha mimese, que o meu interpretar da imitação da vida apresentada pelo tarot me deixou influênciar quando eu leio para outra pessoa? Quantas vezes deixamos que o nosso contexto interfira. Eu imagino que quase sempre, pois quando damos a nossa luz para os símbolos nos reportamos a nós mesmos, afinal, não somos o outro.
E que excelente exercício de estar aqui e lá, consigo e com o outro, quando vemos o desenrolar da cena dada pelo tarot frente à pergunta ou necessidade de orientação do outro.
Leitura é sempre uma coisa profunda... não pode ser leviana... Nem para o outro, nem para a gente.
Leitura é prática e é vivência. É estudo e é emoção. É a melhor prática possível para a nossa percepção.
Ler o símbolo e conhecê-lo é prestar atenção na vida.
Pietra
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